22 de janeiro de 2014

Da quantidade de livros que temos em casa

 
Escrivaninha da Susan Sontag, com pilhas e pilhas de livros nas estantes (daqui).

No fim de 2013, me peguei pensando sobre a quantidade de livros não lidos que tenho em minha estante. Os dois metros e meio (medi mesmo, veja aqui) me assustam - como eles ficam espalhados pela estante, em diferentes cubículos, não tinha ideia do (grande) volume total deles.

Depois de passado o susto, não consegui decidir se aquela quantidade era boa ou ruim. Amo livros, então ter muitos é algo bom. Ter possibilidades e liberdade para escolher as próximas leituras também vai para o lado de prós da lista.

Ainda assim, acho que nunca tive tantos livros não lidos em casa antes. Sempre acreditei que o verbo principal que devemos usar com livros é “ler”, não “comprar”, “ter” ou “acumular”. A função do objeto livro só se cumpre com sua leitura e eu tenho cerca de 100 deles esperando que eu faça isso.

Um pouco opressor, não?

Na mesma semana, em uma conversa com um amigo que já trabalhou em uma livraria, fiquei sabendo da existência de pessoas que compram livros para enfeitar paredes e estantes, escolhendo os volumes pelas lombadas. Minha primeira reação foi: “mas e quando chega alguma visita e pergunta sobre os livros? eles assumem que nunca leram?”. Em seguida, penso que é possível que ninguém se importe com isso (um pouco de preconceito, eu sei, mas ainda me assusto com o fato de que as pessoas comprariam livros - encadernados de papel com informações dentro - apenas para enfeite).

Só depois do susto inicial me lembrei da existência daqueles livros grandes e bonitos que as pessoas compram para as mesinhas da sala ou dos políticos que alugam livros em capa dura para posicionar estrategicamente pelo cômodo em que dão entrevistas importantes, para dar mais credibilidade (também é verdade, veja).

Todos eles me assustam. Gosto de comprar livros e gosto de capas bonitas, mas acho que nada importa se eles não foram lidos. E muitos dos meus não foram e alguns estão ali me esperando desde 2009.

Achei que isso merecia uma listinha de metas:

1. Comprar menos livros. Sei que não vou ficar sem comprar livros (acredite, já tentei), mas acho que menos pode ser possível.  

2. Ler os livros que me esperam, e tentar começar pelos que estão por ali há mais tempo.

3. Me permitir o desapego. Se não li até agora, começar a ler e realmente não gostar, está na hora do livro ter um dono mais atencioso que eu.  

4. O mesmo vale para a pilha de livros em alemão, que comprei com a intenção de exercitar a língua e que estão encalhados desde 2012 mais por preguiça que por qualquer outra coisa.

Fiz um vídeo aqui, em que comento sobre 12 livros que quero ler esse ano. Nele, mostro alguns que estão fazendo aniversários demais na estante sem serem lidos.

E que 2014 seja conhecido como o ano de desencalhe de leituras.