21 de fevereiro de 2014

A arte de guardar livros

Nossas estantes não podem negar - muitos de nós leitores somos também colecionadores de livros. E, apesar de ser um dos grandes prazeres da nossa vida (da minha pelo menos é), nem sempre é fácil fazer isso.

A primeira questão é, claro, dinheiro. Mas acho esse um assunto chato e, a não ser que você seja milionário, ele é um problema para quase tudo na vida, não só para livros. Por isso, ele está sendo cordialmente ignorado nesse texto.

Sobre o que eu realmente quero falar é espaço - ou sobre como temos que ser flexíveis na hora de guardar todos os livros que temos (e queremos ter).  

Shakespeare and Company - livraria que domina a arte de guardar muitos livros em pouco espaço (daqui).


A situação é bem mais simples quando começamos. Ainda somos crianças ou adolescentes e temos uns 30 livros no quarto. Já começamos a achar a pilha grande, mas provavelmente temos alguns espaços entupidos de bichinhos de pelúcia prontos para dar espaço para mais papel. É nessa época que sonhamos com as paredes feitas de livros.

Então a coleção realmente começa (fato que provavelmente coincide com seu primeiro emprego) e o espaço que tínhamos - e o que não tínhamos mas conseguimos criar - começa a ficar cheio. Nessa época da vida do leitor que começam a aparecer pilhas em lugares improváveis do quarto - dentro do armário, dividindo espaço com roupas, em cima de uma estante bem perto do teto, em cima da televisão (sim, sou na época que nem toda TV era fininha e dava para empilhar coisas em cima delas) e nos criados mudos - melhor ainda era quando a pilha se tornava um criado mudo.

Eventualmente podemos ter até uma aflição por causa disso e pensamentos do tipo “isso não é jeito digno de guardar livros”, mas é claro que preferimos permanecer com os livros. E, outro fato óbvio - preferimos gastar nosso dinheiro com mais livros ao invés de comprar uma estante bonita, dessas de revista.

Esse fato mudou um pouco para mim quando saí da casa dos meus pais e mandei fazer uma estante bem do jeito que eu queria. E preciso dizer que me decepcionei um pouco a primeira vez que coloquei meus livros nela. Ela ficou linda, não é isso. Mas eu tinha a vã esperança que aquele móvel do tamanho de uma parede fosse capaz de sustentar a coleção por mais uns cinco anos - e ela ficou quase cheia de cara. No fim, a estante sustentou só mais alguns meses antes de ficar abarrotada. Minha nova teoria é que só sabemos o volume real dos nossos livros quando temos que subir quatro lances de escadas com eles só para descobrir que não vai sobrar espaço para os próximos.

Mas claro, sempre temos nossos jeitos de melhorar a situação: deitar livros na horizontal em cima das fileiras de livros ou até criar as fileiras duplas - maneira triste porem eficiente de dobrar a capacidade da sua estante ou prateleira. E uma das vantagens de ter sua própria casa é expandir o território ocupado pela coleção - minha mãe pelo menos não deixava as minhas pilhas de livro ficarem em qualquer cômodo que não fosse o meu próprio. Agora estão no cômodo denominado “biblioteca”, no quarto e já tenho planos para o sala.

A única coisa que me preocupa são as próximas etapas da expensão - só restarão livres o banheiro, a cozinha, o porta malas do carro e o lado de fora da janela.

14 de fevereiro de 2014

Literatura escrita por mulheres

Muito está sendo dito sobre como 2014 será um ano para se ler livros escritos por mulheres (caso você não tenha acompanhado ainda, recomendo as seguintes leituras: o tumblr leia mulheres 2014; um post aqui e outro aqui da Juliana Brina, d’o Pintassilgo, um texto do Arthur no Posfácio). 

Ilustra do incrível Thoca Maer, daqui.



Gosto de ideia porque sempre gostei de ler de maneira variada: sempre tento sair da minha zona de conforto como leitora e me provocar a ler coisas novas ou que não costumo ler. E faz uns quatro anos que percebi pela primeira vez que a maioria dos livros que eu tinha era escrito por homens e comecei a tentar mudar isso. Acho que ainda hoje minha estante é de maioria masculina (quem sabe eu não conte qualquer dia desses?), mas a diferença está menor.


Para dar uma humilde contribuição ao projeto, listo abaixo textos e vídeos em que falo sobre livros escritos por mulheres:


Resenhas
Hibisco Roxo - Chimamanda Adichie
Copacabana Dreams - Natércia Pontes  
Quando ia me esquecendo de você - Maria Silvia Camargo 
Je Nathanaël - Nathanaël 
Para quando formos melhores - Celeste Antunes


Vídeos

Are you my mother? - Alison Bechdel
Guadalupe - Angélica Freitas - e A Máquina de Goldberg - Vanessa Barbara
Por favor, cuide da mamãe - Kyung-Sook Shin
Dreaming in French - Alice Kaplan
It chooses you - Miranda July
Sua voz dentro de mim - Emma Forrest
Três mulheres fortes - Marie NDiaye
Fera d’Alma - Herta Müller
Filhos do Jacarandá - Sahar Delijani
Esquilos de Pavlov - Laura Erber
Tipos de Perturbação - Lydia Davis
The Cuckoo’s Calling - J.K.Rowling
Eu sou Malala - Malala Yousafsai
Noites de Alface - Vanessa Barbara
Vida Querida - Alice Munro
Perdoe-me tanto laquê - Juliana Gervason
Bing Ring - Nancy Jo Sales


PS. repararam que minha lista mostra que leio basicamente mulheres novas e vivas? Não tinha percebido esse “padrão” antes de criar a lista aqui. Pensando em mudar isso, já estou lendo contos da Flannery O'Connor. Outras sugestões?