Nossas estantes não podem negar - muitos de nós leitores somos também colecionadores de livros. E, apesar de ser um dos grandes prazeres da nossa vida (da minha pelo menos é), nem sempre é fácil fazer isso.
A primeira questão é, claro, dinheiro. Mas acho esse um assunto chato e, a não ser que você seja milionário, ele é um problema para quase tudo na vida, não só para livros. Por isso, ele está sendo cordialmente ignorado nesse texto.
Sobre o que eu realmente quero falar é espaço - ou sobre como temos que ser flexíveis na hora de guardar todos os livros que temos (e queremos ter).
Shakespeare and Company - livraria que domina a arte de guardar muitos livros em pouco espaço (daqui). |
A situação é bem mais simples quando começamos. Ainda somos crianças ou adolescentes e temos uns 30 livros no quarto. Já começamos a achar a pilha grande, mas provavelmente temos alguns espaços entupidos de bichinhos de pelúcia prontos para dar espaço para mais papel. É nessa época que sonhamos com as paredes feitas de livros.
Então a coleção realmente começa (fato que provavelmente coincide com seu primeiro emprego) e o espaço que tínhamos - e o que não tínhamos mas conseguimos criar - começa a ficar cheio. Nessa época da vida do leitor que começam a aparecer pilhas em lugares improváveis do quarto - dentro do armário, dividindo espaço com roupas, em cima de uma estante bem perto do teto, em cima da televisão (sim, sou na época que nem toda TV era fininha e dava para empilhar coisas em cima delas) e nos criados mudos - melhor ainda era quando a pilha se tornava um criado mudo.
Eventualmente podemos ter até uma aflição por causa disso e pensamentos do tipo “isso não é jeito digno de guardar livros”, mas é claro que preferimos permanecer com os livros. E, outro fato óbvio - preferimos gastar nosso dinheiro com mais livros ao invés de comprar uma estante bonita, dessas de revista.
Esse fato mudou um pouco para mim quando saí da casa dos meus pais e mandei fazer uma estante bem do jeito que eu queria. E preciso dizer que me decepcionei um pouco a primeira vez que coloquei meus livros nela. Ela ficou linda, não é isso. Mas eu tinha a vã esperança que aquele móvel do tamanho de uma parede fosse capaz de sustentar a coleção por mais uns cinco anos - e ela ficou quase cheia de cara. No fim, a estante sustentou só mais alguns meses antes de ficar abarrotada. Minha nova teoria é que só sabemos o volume real dos nossos livros quando temos que subir quatro lances de escadas com eles só para descobrir que não vai sobrar espaço para os próximos.
Mas claro, sempre temos nossos jeitos de melhorar a situação: deitar livros na horizontal em cima das fileiras de livros ou até criar as fileiras duplas - maneira triste porem eficiente de dobrar a capacidade da sua estante ou prateleira. E uma das vantagens de ter sua própria casa é expandir o território ocupado pela coleção - minha mãe pelo menos não deixava as minhas pilhas de livro ficarem em qualquer cômodo que não fosse o meu próprio. Agora estão no cômodo denominado “biblioteca”, no quarto e já tenho planos para o sala.
A única coisa que me preocupa são as próximas etapas da expensão - só restarão livres o banheiro, a cozinha, o porta malas do carro e o lado de fora da janela.